terça-feira, 6 de novembro de 2018

E agora? Não consigo me comunicar!

Sinais são para os olhos o que as palavras são para os ouvidos.
Fonte da imagem: Surdo para surdo.



Um dia desses vivi uma experiência recompensadora. Conversando com uma conhecida minha, que é profissional da saúde, ela relatou que tinha começado a atender uma paciente nova e enfrentava uma grande barreira - a comunicação! A paciente, surda, comunica-se com fluência em língua de sinais mas não é oralizada, ou seja, não desenvolveu a fala.

A primeira língua do sujeito surdo é a língua de sinais. Muitos são oralizados, desenvolvem a fala, mas a língua de sinais desempenha um papel fundamental para o sujeito surdo, assim como seria o braille para o cego, em relação à escrita.

Conversamos um pouco e minha conhecida disse que não sabia nada de Libras, e o atendimento estava sendo trabalhoso. Havia tentado usar desenhos, gestos, mas o vínculo não se formava entre profissional e paciente - a menina era tímida, pouco interagia. Sugeri para ela o uso de um aplicativo de celular, que traduz aquilo que falamos ou escrevemos, em Libras - eu tinha o Handtalk instalado no celular e apresentei a ela. Algum tempo depois, recebo uma mensagem:

...a paciente adorou e eu mais ainda, por conseguir me comunicar com ela! Obrigada.


Um gesto simples, um aplicativo gratuito, e uma mudança tão significativa no relacionamento entre duas pessoas. Agora imagine o quanto é complicado precisar se comunicar, expressar uma necessidade, e não ser compreendido. A Língua Brasileira de Sinais é a segunda língua oficial em nosso país, e ainda assim quando temos a opção da disciplina de Libras na graduação, costuma ser opcional.

Escrevo com um desejo sincero, que possamos pensar e falar mais sobre acessibilidade: arquitetônica, nos meios de comunicação, nos ambientes virtuais, e principalmente - nas nossas atitudes!

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